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Novos horizontes no tratamento da Doença de Chagas

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Gene recém-descoberto protege povos amazônicos da Doença de Chagas e pode ser fonte de inspiração para novos tratamentos.

A Doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, é uma enfermidade causada pelo parasita Trypanosoma cruzi. Afetando milhões de pessoas na América Latina, essa doença é transmitida principalmente por insetos vetores, como os conhecidos barbeiros.

Recentemente, cientistas fizeram uma descoberta surpreendente que pode ajudar a entender porque algumas populações na Amazônia apresentam uma resistência natural à doença. Estudos revelaram que a genética está entre as possíveis explicações para esse fenômeno. Populações que habitam a região amazônica há milênios passaram por adaptações genéticas que permitem “barrar” a entrada do parasita nas células onde a doença se desenvolve.

Descoberta inédita

Um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) analisou o genoma de 118 indivíduos pertencentes a 19 comunidades indígenas distintas, que estão distribuídas na região amazônica. Esses dados genéticos foram comparados com os de outros grupos populacionais das Américas e da Ásia.

Eles descobriram diferenças nos genes relacionados ao metabolismo, sistema imunológico e resistência contra infecção por parasitas como o Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas. Uma variante comumente encontrada, presente no gene PPP3CA, foi identificada em 80% dos indivíduos analisados.

De acordo com Kelly Nunes, pesquisadora do Instituto de Biociências da USP e uma das autoras principais do estudo, o continente americano foi o último a ser habitado pelos seres humanos e apresenta uma ampla diversidade de ambientes. Essa situação, segundo ela, provavelmente resultou em pressões seletivas sobre essas populações, levando a adaptações como a observada na pesquisa.

Os autores do estudo propõem ainda que a variante genética identificada não só reduz a probabilidade de infecção, mas também pode contribuir para uma manifestação mais branda da doença. Aproximadamente 30% dos indivíduos na população em geral que contraem a doença de Chagas desenvolvem a forma crônica da doença, caracterizada por insuficiência cardíaca e risco de morte.

Esperança para o futuro do tratamento da doença de Chagas

Essa descoberta tem o potencial de revolucionar a abordagem terapêutica contra a doença de Chagas. Compreender os mecanismos moleculares envolvidos na resistência natural das populações amazônicas pode abrir portas para o desenvolvimento de novos tratamentos que visem inibir a invasão e a multiplicação do parasita.

A busca por vacinas e medicamentos para combater a doença de Chagas é urgente e indispensável: o Ministério da Saúde estima que entre 1,9 e 4,6 milhões de brasileiros estejam infectados com o Trypanosoma cruzi. Apenas em 2019, essa enfermidade resultou em 4,2 mil mortes no país.

Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas, a descoberta desse gene promissor oferece esperança para milhões de pessoas afetadas pela doença de Chagas. A possibilidade de desenvolver tratamentos mais eficazes e direcionados representa um avanço significativo no combate a essa doença negligenciada, trazendo alívio e novas perspectivas para aqueles que a enfrentam.

O IPC Tatuí é um instituto de pesquisa clínica especializado na condução de estudos para as mais diversas áreas da medicina, zelando sempre pela segurança e conforto dos pacientes e pela integridade dos resultados.

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